PECUÁRIA
ORGÂNICA: |
|||||||||||||||||||||
Moacir
Roberto Darolt | |||||||||||||||||||||
Quando falamos de
animais, normalmente esquecemos do solo. Todavia, na produção orgânica -
que privilegia a criação extensiva – um dos princípios básicos é
reconhecer o solo como fonte de
vida. A qualidade e o equilíbrio da fertilidade do solo (manutenção de
níveis de matéria orgânica, promoção da atividade biológica, reciclagem de
nutrientes e intervenção controlada sem destruição do recurso natural) são
essenciais para a sustentabilidade da propriedade. Assim, na produção
orgânica, a saúde animal também está ligada à saúde do solo.
Outro ponto básico é
a diversificação da propriedade, que pode ser alcançada com um
manejo que utilize o policultivo, pastagens, sistemas agroflorestais,
rotações de culturas, cultivos de cobertura, cultivo mínimo, uso de
composto e esterco, adubação verde, quebra-ventos e áreas de reserva de
mato. Este tipo de manejo potencializa a reciclagem de nutrientes, melhora
o microclima local, diminui patógenos e insetos-praga, elimina
determinados contaminantes e conserva e melhora a fertilidade do solo e a
qualidade da água. É evidente, que as particularidades de cada sistema vão
influenciar nestes resultados. | |||||||||||||||||||||
| |||||||||||||||||||||
NOTA: A título de esclarecimento, os procedimentos
“recomendados” referem-se a práticas e produtos plenamente aceitos em
agricultura orgânica, podendo ser utilizados sem restrições. O uso
“restrito” relaciona-se a práticas e produtos que não são plenamente
compatíveis com os princípios da agricultura orgânica, devendo ser
limitados a usos específicos, como no caso do período de conversão. Os
procedimentos “proibidos” referem-se a práticas e produtos não permitidos
nos programas de certificação. O uso dessas práticas ou substâncias
constitui transgressão grave, que pode resultar em cancelamento do
contrato e do uso do selo oficial de garantia. | |||||||||||||||||||||
De acordo com os
princípios da agricultura orgânica a atividade animal deve estar, tanto
quanto possível, integrada à produção vegetal, visando à otimização da
reciclagem dos nutrientes (dejetos animais, biomassa vegetal), uma menor
dependência de insumos externos (rações, volumosos) e a potencialização de
todos os benefícios diretos e indiretos advindos dessa integração.
Portanto, como comentamos, é importante que a criação seja planejada de
forma a se integrar nas demais atividades da propriedade. Na prática,
a produção animal ainda está
pouco integrada à produção vegetal. No que diz respeito à
alimentação dos
animais, as normas recomendam a produção própria dos alimentos
orgânicos (volumosos e concentrados) por meio da formação e manejo das
pastagens, capineiras, silagem e feno. Neste aspecto, é importante que a
maior parte da alimentação seja orgânica e venha de dentro da propriedade.
Além dos bovinos, a alimentação de outros animais, deve ser complementada
com material verde fresco (hortaliças, rami, guandu, gramíneas e outros).
Inicialmente, os animais deverão ser alimentados com no mínimo 50% de
produtos orgânicos. Com o passar do tempo serão toleradas percentagens de
no máximo 20% de alimentação de origem não orgânica.
Em relação ao
tratamento
veterinário, o objetivo principal das práticas de criação
orgânicas é a prevenção de doenças. Saúde não é apenas ausência de doença,
mas habilidade de resistir a infecções, ataques de parasitas e
perturbações metabólicas. Desta forma, o tratamento veterinário é
considerado um complemento e nunca um substituto às práticas de manejo. O
princípio da prevenção sempre vem em primeiro lugar e, quando é preciso
intervir, o importante é procurar as causas e não somente combater os
efeitos. Por isso, é importante a busca de métodos naturais para
tratamento veterinário. O tratamento homeopático já vem sendo utilizado
com bons resultados e diminuição de custos. Em relação ao
manejo do rebanho,
as instalações (galpões, estábulos, galinheiros e outros) devem ser
adequadas ao conforto e saúde dos animais, o acesso a água, alimentos e
pastagens também deve ser facilitado. Além disso, as instalações devem
possuir um espaço adequado à movimentação e o número de animais por área
não deve afetar os padrões de comportamento. De forma geral, sugere-se que
o regime de criação seja de preferência extensivo ou semi-extensivo, com
abrigos. Em síntese, a
qualidade de vida do animal tem profunda relação com a
possibilidade do animal adoecer. Assim, um animal que é confinado com
grande concentração de indivíduos, espaço limitado para locomoção, sem
possibilidade de expressar seus modos naturais de comportamento, fica
profundamente perturbado, sujeito a manifestações de estresse e sistema
imunológico. Como qualquer indivíduo nessas condições, os animais ficam
mais propensos a doenças. Segundo os criadores
que mantivemos contato no estudo citado anteriormente, para o produtor que
está iniciando na pecuária orgânica o principal entrave está
relacionado à dificuldade de
cumprir todas as normas exigidas pela certificadora, mostradas
resumidamente no quadro 1. Além disso, existe o problema da
comercialização de produtos animais orgânicos pela falta de uma legislação
adequada aos alimentos orgânicos de origem animal.
Para finalizar, cabe
destacar que ainda existe um grande trabalho de pesquisa e desenvolvimento
a ser realizado para que os consumidores possam desfrutar de derivados de
produtos animais orgânicos em quantidade, qualidade, diversidade e
regularidade. De qualquer forma, existem muitas oportunidades e quem sair
na frente terá um bom mercado para explorar. | |||||||||||||||||||||
| |
| |
|
Web Design -
Programação Visual 2A2 © 2000 |